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JOSÉ VELLOZO DA CRUZ

Fonte Santa Manor House

Retrato a óleo sobre tela de D. Joaquina Angélica Rosa de Oliveira (1770-1862) (Coleção do Dr. Damião Vellozo Ferreira)

Fonte Santa Manor House

Retrato a óleo sobre tela do Capitão de Milícias José Vellozo da Cruz (1770-1850) (Coleção do Dr. Damião Vellozo Ferreira)

Fonte Santa Manor House

Gravura de Lêveque extraída do livro Campaigns of the British army in Portugal (...), Londres, 1812, representando a passagem do rio Douro pelas tropas britânicas. (Coleção de D. Teresa Maria Vellozo Ferreira Paiva Brandão)

Fonte Santa Manor House

Folha de assento do Regimento de Milícias do Porto, onde consta o nome e o posto de José Vellozo da Cruz. (Coleção do Dr. Damião Vellozo Ferreira)

José Vellozo da Cruz nasceu a 3 de maio de 1770, na freguesia de Santa Tecla de Geraz do Minho, Póvoa de Lanhoso, e faleceu na freguesia do Bonfim, Porto, a 15 de março de 1850
Desconhecem-se as razões que levaram José Vellozo da Cruz a deslocar-se da aprazível aldeia de Santa Tecla de Geraz do Minho, no concelho da Póvoa de Lanhoso (antigo concelho de S. João de Rei), junto ao vale do Cávado, para Vila Nova de Gaia, onde se fixou.

Casou na Igreja de Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, em 13 de junho de 1797, com D. Joaquina Angélica Rosa de Oliveira, baptizada na igreja paroquial de Abragão, Penafiel, em 8 de abril de 1770. Fundou uma casa de comércio e exportação de azeite em Vila Nova de Gaia.

Foi alferes no Regimento de Milícias do Porto e sofreu certamente as consequências das Invasões Francesas.
Foi promovido a Tenente da 1ª Companhia do mesmo Regimento, por proposta do Marechal de Exército Guilherme Beresford e depois, por proposta dos Governadores dos Reinos de Portugal e dos Algarves, elevado a Capitão da 4ª Companhia do mesmo Regimento (Companhia de Fuzileiros), sendo reformado com honras e privilégios em 9 de abril de 1821, por Ordem de 24 de março.

A vida militar de José Vellozo da Cruz não terminaria com as Invasões Francesas. Terá ainda de passar pelo Cerco do Porto. Liberal convicto, o seu filho Joaquim foi um dos 7500 bravos do Mindelo, e deve ter rejubilado quando soube do desembarque das tropas de D. Pedro, Duque de Bragança, na chamada Praia dos Ladrões e da sua marcha para o Porto, onde entrou a 9 de julho de 1832.

Pelas suas ideias liberais, sofreu a mais acrimoniosa perseguição que se possa imaginar, tendo sido intimado por edital de 22 de janeiro de 1829, e toda a sua casa colocada sob rigoroso sequestro.

Foi vereador na Câmara Municipal de Gaia, tendo prestado juramento na sessão de 13 de fevereiro de 1834, para servir como vereador durante a doença do Dr. José Alves Pinto Vilar. Manteve-se no cargo ininterruptamente até 11 de março de 1836.

Em reconhecimento dos seus serviços à causa pública, foi agraciado com a Ordem de Cristo e condecorado com a Medalha nº 2 das Campanhas de Liberdade.

ANTECEDENTES HISTÓRICOS

José Vellozo da Cruz, o pai dos nossos biógrafos, era filho de Domingos Cardoso e de Helena Vellozo. Nasceu a 3 de maio de 1770, na freguesia de Santa Tecla de Geraz do Minho, Póvoa de Lanhoso, e foi batizado na sua igreja paroquial no dia 6 do mesmo mês e ano. Faleceu na freguesia do Bonfim, Porto, a 15 de março de 1850.
Desconhecem-se as razões que levaram José Vellozo da Cruz a deslocar-se da aprazível aldeia de Santa Tecla de Geraz do Minho, no concelho da Póvoa de Lanhoso (antigo concelho de S. João de Rei), junto ao vale do Cávado, para Vila Nova de Gaia, onde se fixou.

A família estava radicada na região há várias gerações, com ligações à Casa do Assento ou Casa de Santa Tecla, naquela freguesia, e à Casa da Meã, na freguesia de Eira Vedra, em Vieira do Minho.
De facto, sua mãe Helena Vellozo descendia, através de sua bisavó Helena Vieira, de Francisco Martins Rebelo, tabelião e sargento-mor de Eira Vedra, e de Afonso Martins, tabelião e cavaleiro fidalgo da Casa Real, que serviu com valor em Tânger e Ceuta, também de Eira Vedra.

Ao apelido Vellozo juntou-se o da Cruz: Helena Vellozo estava em perigo naquele longínquo 3 de maio de 1770, quando trazia ao mundo o seu primogénito. O marido, confiante na proteção de Deus, prometeu que, se a mulher e o filho se salvassem, a família juntaria ao apelido Vellozo o apelido da Cruz, pois esta graça era concedida no dia da Santa Cruz. Deus quis e, durante anos, como reconhecimento, a família Vellozo da Cruz mandou celebrar uma missa cantada no dia 3 de maio, no Convento de Corpus Christi, em Vila Nova de Gaia.

Nos finais do século XVIII, o vale do Cávado, onde se situa a freguesia de Santa Tecla de Geraz do Minho, era suposto ser paradisíaco; a paz e o sossego do campo só eram interrompidos pelo repicar dos sinos das pequenas igrejas, pelo canto dos pássaros, pelo guinchar dos carros de bois e pelo cantar do povo na altura da lavoura e das colheitas.

Não é, pois, de estranhar que Soult, à frente das tropas napoleónicas que entravam em Portugal pelo norte, em marcha para Braga, depois de atravessar a freguesia de Geraz do Minho, ao chegar ao cimo da serra do Carvalho, olhando para trás, para tão harmoniosa e vasta paisagem, tenha proferido a conhecida exclamação
Como o Criador foi generoso com estes bárbaros.

Ainda hoje, escreve o Guia de Portugal: O quadro desvenda-se em toda a sua grandeza. Estamos no primeiro miradouro da serra do Carvalho. De frente, do lado norte, vêem-se as linhas ondulantes das Terras de Bouro e a serra do Gerês no horizonte. Ao fundo, para léguas, aqui e ali, alguns meandros cristalinos do rio Cávado, serpenteando entre veios e prados verdejantes [...] A estrada é uma incessante varanda panorâmica [...] O vasto quadro que se descortina ganha novas feições [....] Em baixo, relativamente perto, vislumbra-se, num recanto rústico, a Casa da Torre (a antiga Torre dos Machados), ainda coroada pelo velho cubelo medieval.

 

Como se sabe, as tropas napoleónicas, no seu avanço férreo para Lisboa, semearam uma onda de destruição e pilhagem por onde passaram. Geraz do Minho não passou incólume a esta devastação. Curiosamente, na certidão de óbito de Domingos Cardoso, pai de José Vellozo, pode ler-se o seguinte: [...] encontrado morto no eido com facadas no rosto, à saída deste vale pelos franceses, no dia vinte e dois de março de mil oitocentos e nove. [...]


A mudança de José Vellozo da Cruz para Vila Nova de Gaia deve ter significado uma mudança radical na sua vida.
De facto, se tivermos em conta as informações fornecidas por João António Monteiro d'Azevedo e Manuel Rodrigues dos Santos, Vila Nova de Gaia tinha já, nessa altura, as mais justas razões para aspirar às honras e à categoria de cidade, podendo mesmo competir com muitas do Reino: era a solidez dos edifícios; o lazer dos seus moradores; o carácter ativo e laborioso que os caracterizava; o comércio que faziam; a indústria em muito grande escala; uma população muito numerosa, que dava à Fazenda amplos recursos. Além disso, a vila era a capital do rico e populoso concelho de Gaia e daqui provinha o riquíssimo depósito de generosos vinhos do Douro, cujo valor ascendia a muitos milhões de cruzados.


José Vellozo da Cruz fundou em Vila Nova de Gaia uma casa de comércio e exportação de azeite.
O seu negócio deve ter sido enorme, o que na altura se designava por "grosso trato", a julgar pela informação que nos dá o autor de uma das mais conceituadas monografias sobre Vila Nova de Gaia, que o refere como o mais importante em 1832.
O comércio por grosso, pelo capital que geralmente envolvia, pelas relações comerciais que estabelecia, quer com o estrangeiro, quer com os domínios ultramarinos, pela organização que exigia em termos de recursos humanos, pelas viagens ao estrangeiro que por vezes obrigava, pela diversificação dos centros de comércio, pelo estado em que viviam muitos destes comerciantes, por tudo isto, os negociantes por grosso tinham um estatuto diferente do pequeno comércio, lojista ou de capelania. [...] Homens bons, escudeiros, cavaleiros, licenciados, bacharéis, licenciados e doutores eram considerados nobres por lei e, desde o século XVIII, por extensão, comerciantes grossistas.
O comércio do azeite e a sua exportação, muitas vezes associado ao comércio do vinho do Porto, foi um importante ramo de atividade em Vila Nova de Gaia. Todo o azeite produzido nas províncias do sul do Reino era transportado para Gaia em carroças e cargas e comprado pelos comerciantes de azeite de Vila. Era depois expedido para a cidade do Porto e para todas as províncias do Minho, para exportação para o Brasil e também para Inglaterra. Para o declínio do comércio do azeite em Vila Nova de Gaia contribuiu o facto de os produtores terem começado a enviar o azeite por via marítima, vendendo-o diretamente na cidade do Porto, o que permitiu um transporte mais barato, e também porque deixaram de pagar a chamada taxa de canage, que incidia sobre o azeite vendido em Vila Nova de Gaia.

José Vellozo da Cruz foi alferes do Regimento de Milícias do Porto e sofreu certamente as consequências das Invasões Francesas. O seu pai, como já foi dito, tinha sido fuzilado pelos franceses quando as tropas napoleónicas, na segunda invasão, atravessaram o vale do Geraz do Minho, em direção à serra de Carvalho d'Este, para o assalto à cidade de Braga. Por isso, o seu ódio ao invasor não é de estranhar. Após a primeira invasão, Junot tinha-nos deixado sem oficiais, sem armas, sem munições; sem fardas, sem cavalos, sem dinheiro.


No estado de pobreza em que o país se encontrava, a única forma de resistir ao invasor era cada cidadão fazer-se soldado.
Na desorientação de tentar reunir soldados, a Regência mandou organizar o Corpo Militar Académico, lembrando o brilhante papel desempenhado pelos estudantes de Coimbra nas lutas do ano anterior. Mas no resto do país, eram as Milícias e as Ordenanças que, na maior parte das vezes, davam o apoio aos soldados na ausência de oficiais.

As linhas de defesa da cidade do Porto estendiam-se do Castelo do Queijo ao Freixo, passando pelo Bonfim. A sul do Douro, por cerca de meia légua, desde a Serra do Pilar até ao vale dos Amores.
Mas a incapacidade de defesa era evidente. A cidade estava perdida. Como um flagelo, os franceses atacaram a sua presa.
Durante toda a tarde daquela memorável quarta-feira escura de 1809, o Porto e os seus arrabaldes foram sujeitos à pilhagem que se seguiu ao assalto, como a lei da guerra.


Foi um tremendo rosário de roubos, sacrilégios, violações, assassínios e até fogo posto:
O velho solar de Ramalde passou a ser conhecido pelo nome de Casa da Queimada, segundo a tradição, porque os soldados de Soult lhe deitaram fogo.

 

A desolação e a morte imperavam. Nesse dia negro de tragédia, a noite caiu cedo. A natureza, compadecida e horrorizada, intercedeu pelo povo do Porto. Durante uma noite, o saque sofreu a sua primeira interrupção forçada: no dia seguinte, renasceu a nova senha dos bárbaros.

 

 

Uma enchente de gente dirigiu-se para a Ponte das Barcas, com a intenção de atravessar para Vila Nova de Gaia. As tábuas do pontão central tinham sido retiradas para impedir a passagem dos franceses. A população em fuga não se apercebeu do buraco que tinha à sua frente e milhares de fugitivos foram engolidos pelas águas tumultuosas do rio.
O 47º batalhão de linha da divisão de Mermet, comandado por um oficial que conhecia bem o Porto, chegou rapidamente à Ribeira, ocupou a ponte e, depois de reparar a calçada, avançou rapidamente para Vila Nova de Gaia 
José Vellozo da Cruz, como alferes do Regimento de Milícias, deve ter estado envolvido na oposição aos franceses.
Por isso, não é de estranhar que, mantendo-se no seu Regimento de Milícias, tenha sido promovido a Tenente da 1ª Companhia do mesmo Regimento, por proposta do Marechal de Exército Guilherme Beresford e, depois, por proposta dos Governadores dos Reinos de Portugal e dos Algarves, elevado a Capitão da 4ª Companhia daquele Regimento (Companhia de Fuzileiros), sendo reformado com honras e privilégios em 9 de abril de 1821, por Ordem de 24 de março.
A vida militar de José Vellozo da Cruz não terminaria com as Invasões Francesas. Terá ainda de passar pelo Cerco do Porto.


Liberal convicto, o seu filho Joaquim foi um dos 7500 bravos do Mindelo, e deve ter exultado quando soube do desembarque das tropas de D. Pedro, Duque de Bragança, na chamada Praia dos Ladrões e da sua marcha para o Porto, onde entrou a 9 de julho de 1832.


A história do Cerco do Porto é sobejamente conhecida, pelo que nos limitaremos a referir que os sitiados, de julho de 1832 a agosto de 1833, deram provas de grande heroísmo e determinação durante cerca de um ano de sangrentos combates, apesar das carências de toda a ordem com que se defrontaram, ao ponto de, durante o inverno de 1832-1833, as melhores famílias da cidade, não conseguindo obter alimentos, terem de aceitar a distribuição de sopa que algumas organizações proporcionavam ao povo.


Dada a desproporção entre os dois exércitos - as forças liberais inicialmente não ultrapassavam os 7500 homens, enquanto o exército de D. Miguel contava com 80.000 - é de crer que as Milícias e Ordenanças do Porto e de Gaia tenham desempenhado um papel importante durante o cerco.

 

Apesar de não terem sido encontradas provas documentais, tudo leva a crer que José Vellozo da Cruz estava do lado dos sitiados, até porque o seu filho Joaquim, como já dissemos, foi um dos 7500 bravos do Mindelo.


Por causa das suas ideias liberais, sofreu a mais acintosa perseguição que se possa imaginar, tendo sido intimado por edital a 22 de janeiro de 1829, e toda a sua casa colocada sob rigoroso sequestro.


Os prejuízos sofridos por José Vellozo da Cruz com a usurpação ascenderam a 30.0235,60 euros,
Foi Vereador da Câmara Municipal de Gaia, tendo prestado juramento na sessão de 13 de fevereiro de 1834 para exercer o cargo de Vereador durante a doença do Dr. José Alves Pinto Vilar. Manteve-se no cargo ininterruptamente até 11 de março de 1836.
 

Durante este período, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, para além das ordens do dia a dia, tomou algumas decisões importantes sobre assuntos como o imposto de carroça, o real-d'água para a carne, o calcetamento de ruas, as questões das décimas, o recenseamento da Guarda Nacional, questões sobre o arrendamento de propriedades do concelho, a partilha de baldios, a divisão do produto do imposto de carroças entre as Câmaras Municipais do Porto e de Vila Nova de Gaia, a distribuição dos sinos do Convento de Nossa Senhora da Conceição de Oliveira do Douro pelas freguesias vizinhas, organização e disciplina da Guarda Nacional, levantamentos de terrenos do concelho, localização do cemitério da freguesia de Vila Nova de Gaia, instalação de um asilo de mendigos ou colégio de ensino e educação no Convento e Cerca de Santo António de Vale de Piedade, traçado da Calçada das Freiras e da Rua Direita, eleições de Juízes de Paz e Juízes Pedestres, alinhamento de prédios ao longo das vias públicas, inventário e avaliação dos conventos extintos do concelho, etc. Em reconhecimento dos serviços prestados à causa pública, foi agraciado com o título de Cavaleiro da Ordem de Cristo e com a Medalha nº 2 das Campanhas de Liberdade.

 

Casou na Igreja de Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, em 13 de junho de 1797, com D. Joaquina Angélica Rosa de Oliveira, baptizada na igreja paroquial de Abragão, Penafiel, em 8 de abril de 1770, e falecida na Quinta das Laranjeiras, freguesia de Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, em 28 de agosto de 1862.

 

Quis o destino que herdássemos um importante acervo documental, livros de recordações e correspondência, que nos permitiu reconstituir em pormenor os notáveis percursos de vida dos três filhos do casal (José, Joaquim e Francisco) no dealbar do período liberal portuense, uma vez que o primogénito - Manuel - viu as suas doenças agravarem-se durante a sua emigração para Inglaterra e faleceu em Montpellier, França, para onde se tinha deslocado com os irmãos em busca de um clima mais saudável.

 

No entanto, os factos que os documentos relatam, por si só, desligados das circunstâncias históricas e do local em que ocorreram, dificilmente podem transmitir uma imagem que dê vida à personagem em análise. É por isso que é importante tentar reconstruir o contexto em que se moveram e viveram.

 

A sua juventude, passada, ao que parece, em Vila Nova de Gaia, tendo como pano de fundo o rio Douro e a cidade do Porto, foi atravessada por tremendas convulsões políticas, resultantes da instauração e evolução do regime constitucional.

Sob a ocupação de Junot, alguns liberais portugueses dirigiram-se ao Imperador pedindo-lhe que desse a Portugal uma constituição e um rei constitucional que fosse da sua família real, pedido que não teve seguimento nos acontecimentos posteriores.

 

Com a expulsão dos franceses, as ideias liberais continuaram a propagar-se, para o que muito contribuiu o despotismo real exercido pelo general inglês Beresford através da subserviente Regência, que governava Portugal em nome de D. João VI. Foi nesta instabilidade e descontentamento que se deu a conspiração de 1817, que culminou com o enforcamento do glorioso general Gomes Freire em Lisboa, após um julgamento humilhante que custou também a vida a alguns dos seus companheiros de infortúnio.


Com a bárbara repressão da tentativa revolucionária de 1817, Beresford partiu para o Brasil, com o objetivo de obter de D. João VI maior autoridade para governar Portugal. Durante a sua ausência, a 24 de agosto de 1820, um grupo de liberais, constituído por Fernandes Tomás, Ferreira Borges, Silva Carvalho e outros patriotas, proclamou a abolição da Monarquia Absoluta no Porto e constituiu uma Junta para governar Portugal até ao regresso de D. João VI e à convocação de eleições, que se realizaram em dezembro de 1820. É conhecida a instabilidade que se instalou no país após a aprovação da Constituição de 1822.


A Vila-Francada, ocorrida na noite de 26 para 27 de maio de 1823, foi a primeira reação ao excessivo liberalismo da Constituição de 1822, seguindo-se a restauração do regime constitucional, de carácter moderado (Carta Constitucional de 1826), que logo foi ultrapassado pelo restabelecimento do Regime Absoluto em 1828, levando à Revolução Liberal do Porto, onde foi instalada uma Junta Governativa, em torno da qual se reuniram as mais importantes figuras do liberalismo.


A abdicação de D. Pedro à Coroa do Brasil e o subsequente desembarque dos 7500 bravos do Mindelo conduziram a uma guerra civil, que só terminou com a Convenção de Évora Monte, restabelecendo o regime constitucional.


Foi neste ambiente cultural que os irmãos Vellozo da Cruz cresceram em grande parte.

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